
Dois anos e meio antes de ser campeão do mundo, o craque da Copa de 1958, o Mr. Football, de ir defender o poderosíssimo Real Madrid de Puskas, Di Stéfano e Cia, Didi já era considerado um dos raros “milionários” do futebol brasileiro. Um dos três maiores salários do país.
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Em dezembro de 1955, estava ele em negociação com a diretoria do Fluminense a fim de renovar contrato. Na mesa do presidente do clube, a proposta do jogador que viria a ser aceita: um apartamento como pagamento das luvas e um salário mensal de 18 mil cruzeiros.
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Bem diferente de quando o garoto Valdir Pereira começou a trabalhar para ajudar a família em casa. Seus primeiros passos foram como lanterneiro, ganhando 33 cruzeiros de ordenado.
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Mas os vencimentos de futuro craque mais do que dobrariam. Promovido a assistente de mecânico e, depois mecânico, ia feliz da vida para casa no dia do pagamento levando no bolso do macacão sujo de graxa os suados 77 cruzeiros.
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Didi fazia parte da escolinha do São Cristóvão quando surgiu uma oportunidade de deixar para trás o macacão, tamancos e a marmitinha fria.
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Graças aos dotes que Deus lhe deu não com as mãos, mas com o pés, recebeu uma proposta para ir defender as cores do Industrial, clube de uma fábrica têxtil que se preparava para entrar forte no campeonato juvenil.
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Lá pode trabalhar na fábrica, fazer um curso técnico e, óbvio, o seu maior prazer que era jogar futebol. E ainda recebia salário de 800 cruzeiros. Didi achava que estava no céu.
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Não demorou para descobrir que mal havia chegado às nuvens. Com o futebol que apresentava anos-luz à frente dos outros garotos logo se destacou e chamou atenção dos clubes que disputavam o campeonato ‘pra valer’.
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Foi para o Madureira. Depois trocou o tricolor suburbano para inicia a sua trajetória inesquecível no tricolor aristocrático pó de arroz.
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Foto: Ângelo Gomes/Manchete Esportiva